Seus problemas (não) acabaram



Quanto mais adentramos no século XXI,  mais evidente vai se tornando o conflito entre hierarquias rígidas e criação de conhecimento, o recurso mais cobiçado de nossos dias.

Por isso mesmo, com o passar do tempo, experiências exitosas de empresas que adotam novos formatos organizacionais menos burocratizados começam a ganhar divulgação.

É muito legal que isto ocorra mas, desgraçadamente, ao contrário do slogan das Organizações Tabajara, isto não equivale a dizer que seus problemas acabaram. Embora derrubar barreiras, facilitar as comunicações horizontal e vertical, seja prática saudável e, ao meu ver, indispensável, ela não consegue virar o jogo sozinha.

Há outras dimensões que devem se juntar a ela para reforçá-la. Falarei, aqui, de cinco delas que me parecem fundamentais nesse esforço rumo a organização do século XXI.

Qualidade dos Recursos Humanos

Qualquer que seja o formato organizacional utilizado, a chance de sucesso do mesmo varia na razão direta da qualidade dos recursos humanos envolvidos.   Pessoas qualificadas tem mais facilidade em perceber o sentido e a intensidade dos ventos da mudança e são mais conscientes da necessidade de promover alterações que visem garantir a sobrevivência e a efetividade do(s) negócio(s) nos quais estejam inseridos. Pessoas com baixa qualificação, ao contrário, enxergam, na mudança, a face do risco, mas não a da oportunidade.

Conhecimento do Problema

Sub-produto da qualidade dos recursos humanos, o conhecimento do problema é resultado da transformação de competências individuais em resultados corporativos.  Isto envolve não apenas mudanças na estrutura burocrática demandando, igualmente, maestria na utilização dos modelos, métodos e técnicas gerenciais mais adequados face os atuais e futuros processos de trabalho daquela organização.

Cultura Aberta à Inovação

Formatos novos em cabeças velhas tendem a acentuar resistências e conduzir a organização no sentido oposto ao pretendido. Nos tempos atuais, onde a mudança e a incerteza predominam, organizações culturamente abertas ao novo tem melhores condições de ir para a frente, quando comparadas a outras que atuem no mesmo setor, mas que não possuam essa característica. As primeiras vão enxergar novos formatos como recurso, as últimas, como modismo, afinal isto as ajudará no discurso do atraso.

Característica Setorial

Embora a inovação esteja, hoje, inoculada em praticamente todos os produtos e serviços, certas especificidades do(s) setor(es) no(s) qual(is) a organização esteja inserida, como tipo do bem, tamanho do mercado, existência de substitutos, abertura à concorrência, entre outros, podem ampliar ou retardar a necessidade de mudança. No setor público, por exemplo, tais elementos aliados ao formalismo e as amarras legais tendem a dificultar esse processo.

Adequação Tecnológica

Utilizar as melhores tecnologias da informação e comunicação para cada problema a ser atacado, é, hoje, condição determinante para  o sucesso das organizações. Entidades nas quais a percepção  novas tecnologias demorem para ser   difundidas e incorporadas às rotinas organizacionais presentes no discurso de venda dos fornecedores. Organizações com boa vivência tecnológica, ao contrário, sabem quais instrumentos utilizar sem, no entanto, considerá-los ferramentas milagrosas que permitam esquecer as demais dimensões da organização.

Ao longo de nossas próximas postagens, iremos falando  mais detalhadamente sobre cada um desses temas e expondo por que acreditamos que a jornada corporativa rumo a era do conhecimento não será  fruto de pequenos ajustes isolados, e sim resultado da progressiva percepção de que o risco do imobilismo está superando o da mudança e colocando o futuro da organização em xeque.

2 comentários:

  1. Excelente post.
    Estudando mais profundamente poderíamos entender que o caos organizacional está dentro da cabeça das pessoas?
    Eu acredito que sim. Os grandes problemas estão nas pessoas, descapacitadas e desmotivadas. Chefes ruins, desaproveitamento das qualidades pessoais, horário excessivo de horas extras, trabalho desgantante e desmotivador. Existem milhares de problemas que acumulam-se sobre as pilhas e os andares das instituições e organizações - públicas e privadas.
    Mas como melhorar?
    Eu acredito que quando o governo chinês visitou o brasil - em especial o ministro da educação chinesa - foram apontados alguns detalhes do boom tecnológico e educacional do país e quais os motivos da melhora drástica da China, atingindo o segundo lugar na escala de PIBs.
    Além dos motivos clássicos – rápido crescimento, elevado nível de poupança e investimento, muita pesquisa em novas tecnologias, escola de qualidade – acrescentou um que chamou a atenção: na China, dizia, com orgulho, há 300 milhões de jovens estudando inglês, bom inglês. Só para esclarecer, este dado é maior que a população total da China e ainda supera em 20 milhões - uma grande São Paulo.
    E no Brasil, quanto estudam inglês seriamente?
    Quantos estudam a sérioáreas fundamentais para o futuro no Brasil?
    Aprovado recentemente a volta da filosofia, cultura afro-brasileira, artes, música e meio ambiente. Se a carga horária não aumentou, é de se acreditar que o tempo foi reduzido e portanto áreas banais foram deixadas de lado, tal como ciências, português e matémática.
    Portanto, não há como não dizer que se tivessem planejado algo para atrasar mais cinquenta anos o país, não teriam conseguido tanto êxito.


    Se puder, dê uma passadinha em meu blog:
    www.ricardomatheus.blogspot.com

    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Obrigado pelo comentário, Ricardo. Visitarei seu blog, com prazer.

    ResponderExcluir