Ao contrário do que ocorria nos seus primórdios, em meados do século passado, o mercado da tecnologia da informação e comunicação é, hoje em dia, fundamentalmente impulsionado pelo usuário final. Fornecedores de computadores, telefones, programas computacionais, equipamentos de vídeo e som sabem que a fronteira entre o sucesso e o fracasso depende cada vez mais de fatores extra-tecnológicos, tais como, facilidade de uso, marketing utilizado, compatibilidade, padronização, entre outros. Nesta postagem eu queria falar, em particular, sobre a facilidade de uso.
Nos dias atuais, pautados pela crescente convergência digital é cada vez mais difícil estabelecer limites entre computadores, telefones, televisores, rádios, máquinas fotográficas, e outros equipamentos eletrônicos de consumo de massa. Hoje, eu assisto TV e telefono pelo computador, ouço músicas e fotografo pelo telefone, vejo minhas apresentações em PowerPoint na tela da TV. Além da tecnologia embarcada, equipamentos multifuncionais como os que eu citei acima trazem embutido dentro deles o enorme desafio de fazer com que todas essas funções sejam entendidas por pessoas comuns, sem conhecimento dos meandros tecnológicos.
Embora haja uma crescente sensibilização entre os fornecedores sobre a importância da interoperabilidade, esta batalha está ainda muito longe de ser vencida. Cada vez que eu vejo relógios de home-theater piscando, filmes sem som, sons sem filme, micros travando, penso que a jornada, de fato, está apenas começando. No fim do ano passado, só para ilustrar, ao visitar um querido amigo em um chuvoso fim de tarde em Santos, vi toda a criançada na sala assistindo um desenho animado em inglês com legendas em japonês. Tudo isto em maravilhoso branco e preto. Que tristeza. Ninguém conseguia fazer a coisa funcionar de acordo.
Eu estou citando este caso para reforçar um dos mais importantes atributos da sociedade do conhecimento, qual seja a criatividade. Em cenários caóticos como este sempre surgem novas oportunidades de negócio que podem ser rapidamente explorados por quem melhor fizer a leitura do ambiente. O tema da convergência e das dificuldades a ela atreladas foi, por exemplo, observado com muita presteza e criatividade por uma empresa inglesa, chamada Gadget HelpLine.
Super antenada com os problemas trazidos pela babel eletrônica que tomou conta de nossos lares, a companhia britânica vislumbrou neles uma boa possibilidade para ganhar dinheiro. Por 2,99 libras mensais, a Gadget Helpline promete uma convivência harmoniosa entre o consumidor e seus televisores, notebooks, impressoras, DVDs, games, gravadores, etc. De segunda à sábado, das 9:00 às 18:00, se ao ligar o computador no quarto, começar a tocar o rádio da sala, é só ligar. Eles vivem de desvendar esses mistérios da tecnologia.
Quem diria que chegaria o dia em que pagaríamos uma empresa só para nos ensinar a ligar a televisão.
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