Nova Gestão Pública 2.0


Um dos mais interessantes artigos sobre inovação em governo que tive a oportunidade de ler este ano chama-se “Innovation in Public Management: The role and function of community knowledge”, escrito pelos professores Michael Hess e David Adams do Centro Australiano de Pesquisa em Inovação da Universidade da Tasmânia.

Este trabalho destaca o poder do conhecimento emanado das comunidades para a construção e implantação de políticas públicas adequadas. Fundamentado em um estudo de caso referente ao estado australiano de Victoria, o trabalho mostra a importância da revisão de alguns princípios centrais da NGP - Nova Gestão Pública, objetivando adequá-los a uma agenda mais sensível à questões comunitárias e de vizinhança.

Analisando os resultados das eleições estaduais lá ocorridas em 1999, os autores observaram que a votação obtida em comunidades rurais, áreas não metropolitanas e regiões mais distantes foram responsáveis pela derrota dos conservadores e a ascensão dos trabalhistas. Com isto, o eleitor dessas áreas demonstrou sua insatisfação pela deterioração nos serviços entregues pelo governo nessas comunidades.

Atenta a essa situação, os novos dirigentes procuraram, desde o início do mandato, agregar aos princípios de eficiência implícitos na nova gestão pública, questões sociais até então deixadas de lado. Sob o slogan “estado inovador, cuidando da comunidade”, a nova administração implementou uma série de ações que respondiam a necessidades colhidas diretamente nas comunidades que, anteriormente desconsideradas, passavam, agora, a ser consideradas capital social de governo.

Tomando o cuidado de não interpretar a experiência de Victoria como um novo paradigma, o trabalho fornece, no entanto, algumas pistas bastante sugestivas para o exame de uma nova “nova gestão pública”.

Destaco, como tira-gosto, três dicas dos autores:

1. O conceito de centro irradiador do conhecimento emanado por sábios do governo deve ser substituído pelo de redes sociais que mesclem a “expertise” interna com habilidades das comunidades.

2. Além dos dados numéricos, a inteligência governamental deve ser enriquecida com o relato de histórias que facilitem a conversão do conhecimento tácito de servidores e cidadãos em inteligência governamental.

3. A idéia que o “mercado tudo sabe” deve ser compreendida como a “sociedade tudo sabe”.

Vale a pena examinar este trabalho. Para baixá-lo clique aqui.

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