De quando em vez, volta a baila a questão da liberação do acesso às ferramentas da web 2.0, tais como blogs, wikis e redes sociais, dentro das organizações.
Esta cantilena mostra, uma vez mais, que a maior ou menor abertura para a mudança nas organizações é balizada, normalmente, pela cultura predominante dentro delas, e não pela disponibilidade per se de novas tecnologias. Entidades que consolidaram ao longo do tempo um ambiente cultural mais aberto à mudança tendem a enxergar melhor o impacto do novo em seus modelos de negócio, conseguindo, desta forma, redesenhá-los mais rapidamente. Já aquelas organizações acostumadas a acompanharem o mundo pelo retrovisor, estão propensas a subestimar o impacto das ondas de inovação, hoje cada dia mais freqüentes e profundas.
Os governos, em geral, situam-se neste segundo conjunto, com um agravante, além dos obstáculos de cunho cultural possuem amarras de caráter legal que dificultam, ainda mais, a adoção de inovações.
Só que não dá mais para ser assim. Em tempos de mudança continuada, marcados pelo complexo e pelo transitório, todas as organizações, sejam elas privadas ou públicas, não podem se dar ao luxo de empurrar o novo com a barriga. Nos governos, em particular, que constituem nosso foco de interesse, a adoção das ferramentas sociais torna-se cada vez mais fundamental na definição de estratégias coerentes com a sociedade do conhecimento, no desenho de políticas públicas inovadoras e na implementação de novos serviços públicos.
E por tudo que li e vi, até aqui, na maioria dos casos, as mudanças trazidas pelos novos tempos têm sido mais bem percebida pelos políticos, mais sensíveis às novas demandas e comportamentos da sociedade, do que pela máquina administrativa, mais ligada em tecnalidades pouco relevantes em momentos de mudanças radicais. Não por acaso, as ferramentas sociais só foram sendo aceitas no setor público quando a vontade política manifesta por presidentes, primeiros-ministros, ministros e secretários de estado tornaram a decisão inexorável. A eleição e os cem primeiros dias da administração Barack Obama nos Estados Unidos são o mais claro exemplo disto. Mas há muitos outros, é só dar uma passeadinha pelas diversas postagens deste blog. Vale a pena ler, também, o estudo Governo 2.0 - Inclusão, Participação e Inovação como Estratégia preparado pela TerraForum Consultores.
Meu sentimento indica que nos países democráticos, essas iniciativas continuarão ganhando força e farão com que tentativas de proibir o uso das ferramentas sociais em organizações públicas, dentro em breve, soem tão estranhas como tentar revogar a lei da gravidade.
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